Invocação do Mal 2 | Crítica

Sequência do filme de 2013 potencializa os méritos do original


Em Assim Falava Zaratustra, Nietzsche proferiu a sua mais famosa frase: “Deus está morto”. Se em um primeiro momento as palavras do filósofo parecem pura rebeldia e proselitismo ateísta, em uma segunda análise mais contextualizada elas fazem sentido para a época em que ele viveu e para a nossa época. Cada vez mais a presença de um deus ou do sobrenatural é mais distante na vida contemporânea. Então contar histórias cativantes que envolvam o paranormal passou a ser uma árdua tarefa.

Em um mundo de sustos repentinos e picos de áudio, James Wan consegue trazer uma atmosfera de tensão e de medo real em Invocação do Mal 2. Baseado no caso do Poltergeist de Enfield, o longa eleva os méritos do original e apresenta uma atmosfera que transita entre a leveza e o pavor em poucos segundos.

Invocação do Mal 2 não possui grandes inovações narrativas, mas sua construção de personagem faz com que o público se importe com as situações mostradas em tela. Se no original a família Perron viveu um calvário sem fim depois dos primeiros quinze minutos de filme, na sequência a família Hodgson consegue ter momentos de paz. Breves, mas presentes. Uma das cenas mais emblemáticas do filme é aquela em que Ed Warren (Patrick Wilson) entoa os versos de “Can’t Help Falling in Love”, de Elvis Presley.

Outro êxito do filme é como a relação de Ed e Lorraine (Vera Farmiga) é mostrada. O romance se faz ainda mais presente do que no primeiro filme e enganam-se aqueles que acham que um filme de terror não tem espaço para narrativas amorosas. O amor do casal é um dos pontos altos do longa.

Elevando o espírito de seu antecessor e se renovando, Invocação do Mal 2 é um presente para todos aqueles que gostam de boas histórias de terror onde, apesar de tudo, Deus – ou a esperança – não estão mortos.

Nota: 9/10

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